terça-feira, 20 de setembro de 2011

Saliva Veneno

Ao cruzar lentamente suas pernas,
com manipulado desejo súbito de sedução
um pequeno pedaço branco de pano
ficava sem pretensão a vista do cavalheiro.

As noites em claro, os dias de branco.
Parecia uma das mais dedicadas beatas da cidade.
Parecia.

Vestido branco, sapatilha, coque nos cabelos,
luvas de renda nas mãos, echarpe, cinta liga.
Assim se vestia a moça, pura, puta, mundana.
Perfil de menina, donzela virgem. Olhar singelo,
voz calma, saliva veneno.

Há quem diga ser uma das mais puras;
Há quem fale a verdade,
verdade demais, a mais.

Misteriosa, dos seus segredos mal sabem,
os que sabem ainda desconfiam. Omissos.
Mas quem se importa?
Sua vida há tempos ergue-se torta.

Todos os dias após a missa,
a luxúria é seu pecado capital.
Deita-se a cama com mais de cem,
que ao irem embora, levam no corpo
um cheio de carvalho.

Pobres donas de casa, enganadas por seus maridos
que usavam - como diziam - o orvalho da noite
como forma de inspiração e energia.

Aquela moça, que ninguém sabe ao certo o que ama;
gosta que em beijo, a engulam
gosta que em aperto, a excitem
gosta que em parede, a joguem
e que em sexo, a amem.

Um dia, alguém, há de chegar e dizer:
- Cuidado, pode estrangular-se em sua própria echarpe.


F. Vênus

Um comentário:

  1. Que lindo Aninhaa ^o^
    É tão... sensível, sei lá...

    Gostei *-*

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