segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Enquanto o corpo vaza

É tudo o que sinto e o que vejo!
Oh corpo que parece não mais aguentar
quanta raiva encubada, 
desprenda-me de ti.

Minha poesia já não serve.
De mim, não tiram rima. Sofro.
Danço solo no espelho,
no reflexo me contemplo, só.
Me falta opção.

O beijo e o abraço não dado
são vazios, o "tudo bem?" 
depois de dar uns passos
também.

Ai de mim, com tanto a oferecer
encontrei justo você,
que com tanto lugar a preencher
na hora de responder, foi embora.

E dos males o problema.
Qual passa mais rápido?
O que inventa ou o que deveras sente?

Sei lá, resposta de todas as horas
Pensa! (ou tenta) 
Que há de errado em algo funcionar...

Não insisto, não permito (repito)
tento me escutar. 
Se consigo: alívio;
Se desisto: (c) alma.

  Não que eu deva ou queira
mas no final do poema,
vazo, mudo.








quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Daqui quinze anos

E quando a gente se encontrar,
o que será do tempo perdido entre nós?
O perfume, será que voltará a usar?
Sei que a cama estará bagunçada,
e todas as boinas empilhadas,
A roupa suja atrás da porta
e algumas camisetas jogadas no chão.
A toalha molhada pendurada
e o sapato perdido embaixo do colchão.
As folhas de partitura
cobrindo as teclas do teclado
mostrarão que vem musicando a vida...
Acho isso muito bom!

No silêncio de uma tarde quente
estarei eu a observar,
(nem que seja no bolso de trás da calça)
sem querer deixar resquício de mudança
apenas arrumarei sua cama
e descerei as escadas.

R.V.



domingo, 23 de outubro de 2011

Nenis

Com você,
em qualquer lugar do mundo
é impossível não ter sol.
E mesmo que se vá,
e que leve contigo o brilho,
fecho os olhos
e é seu olhar que vem.
Brilho por dentro.
Me banho de ti.
O gosto de chá
e alguns tragos
impera.
Venha, junte
seus versos
aos meus
por que juntos
faremos poesia.

Leonardo Gehring



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

...

Se soubesse, menino.
Da primeira vez
O que senti enquanto lá estava.
Não perderia mais lagrimas a derramar com isso.
Não perderia mais sono a sonhar com isso.
Não perderia mais palavras comigo.
Só não posso te mentir, foi bom.
Não só em um sentido, não só no físico.
Mas nem de perto em pensamento ele estava.
Nem eu ao certo sabia se queria estar ali.

domingo, 16 de outubro de 2011

Nostálgico (não terminado)

(A chuva batendo no vidro da janela, uma xícara de cappuccino na mesa, a fumaça que escorre pela boca e o livro aberto na pagina 67. Típica cena de filme. Clichê.)

Estou com saudade de qualquer frase feita repetida várias vezes.
As que eu nem liguei um dia. As que enjoou.
Sabe aquelas coisas bestas que se faz a dois em dias de chuva? Então. Faz tempo que não é assim.
Durmo um pouco mais a cada dia, quem sabe me faz esquecer.... Mas e a música e a peça?
O barulho do trem. (barulho do trem, pausa longa) E a vida deixada enquanto nele se está. A vida desconhecida do outro.
O trem vai e volta, até que chega em uma estação, que uma voz que não se sabe de onde, diz que chegou a hora de sair. E quase te expulsando do vagão, você saí correndo, se não tem os pés no chão, saí sem direção. Até que por fim, se acha a luz. E é ali que segue. Cidade grande.

(fecha o livro como se terminasse de ler, apaga o cigarro, toma o último gole de cappuccino)

(blackout)



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Oração

Peço que com o passar do tempo, tudo se esclareça, ou apenas fique mais raso.
Que eu compreenda, o que é contemplar de longe.
E perceba, que qualidades não cabem em folhas de bíblia.
Que cada um de nós, tenha consigo um espelho interno, e que reflita, de fato o que sente.
E que lembre sempre o que é e o que pode.
Que eu crie forças para escutar os conselhos alheios e adquirir, os bons.
Que não esparrame mais pedaços pelo caminho.
Que a rija dura não se quebre.
E que a inspiração venha, para não me afogar em palavras perdidas.
E os olhos, jamais fechar.
Agradeço por entender que todo fim é um começo.
E por aceitar o que a vida manda.
Agradeço por ser, o vento que leva pessoas as outras para que mais felizes sejam.
Agradeço por desvencilhar-me de imagens e títulos.
E agradeço além de tudo por ser.
Que seja, e não que finja.



Piscar o Olho

Foi só piscar o olho
E eu me apaixonei enfim
No meio da fumaça
Ele também gostou de mim
O tempo foi passando
E o nosso amor saiu do chão
E eu fiquei tão grande
E mastiguei meu coração
Dessa vez não tive medo
Mesmo assim não disse "sim"
Percebi o percevejo
E deixei cravado em mim
Só eu sei o que é melhor pra mim
(...)
No meio da euforia
Aquele alguém me protegia
Mas não foi por acaso
Que o encanto se quebrou
O tempo foi gastando
O que não era pra durar
Como se eu soubesse
Não era amor pra todo dia
Dessa vez eu tive medo
Mesmo assim eu disse "sim"
Percebi o percevejo
E deixei cravado em mim
Só eu sei que foi melhor assim
(...)
Ás vezes é mais saudável chegar ao fim
Chegar ao fim
Só eu sei que foi melhor assim
Ás vezes é mais saudável chegar ao fim

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Palavras tortas

Aí, quando eu disse com todas as palavras tortas que amava, apenas pensou que eram só palavras tortas....

O tempo passou, acordar de manhã já não é mais a mesma coisa.
Lembro que o café cheirava logo cedo, forte. Impregnava pela casa o cheiro de pão fresco. Um na cozinha, outro no banheiro. E como bem sabem, eu ficava na cama esperando o café e o beijo de despedida. Ainda não era hora de despertar.
Após a despedida, a casa era toda nossa, só. A tarde toda. Ao som de Maria que toca no radio, hoje, nesse apartamento vazio, lembro de como nos divertíamos. Como era bom dormir sempre por mais cinco minutos com você. Os vários filmes que podíamos assistir em uma tarde. Os livros que liamos juntos. Cigarros. Ah que saudade.
Nunca estava sozinha, apenas das 6h30 ás 7h30 quando um saía e o outro chegava. Era a pior hora do dia, me sentia desamparada.
Preparar o jantar com você, era uma diversão durante a noite. Preferencialmente comida vegetariana. O seu cheiro, que com toda poluição, todo dia de trabalho nessa cidade, ainda permanecia como de manhã. Sentávamos no sofá, com a televisão ligada em qualquer jornal, e ficávamos conversando. Ao som de Raul, fazíamos nossas próprias festas de fim de noite. Era tudo tão bom. Outro cigarro.
Pena que de repente, algo começou a mudar entre nós.
A cada dia que passava, o sentimento de desapego se desapegava mais de nossos corpos.
Tínhamos nos fundido, os três. Eu já não podia deixar de amar.
Não amava menos, nem amava diferente, amava muito, e como, vocês.
Acontece que quanto mais se falava, mais a palavra tomava um rumo diferente.
A situação era estável enquanto não existia amor, quem dera soubesse amar em segredo.
Agora me pego aqui, com sono, a tv ligada em qualquer jornal, Maria no radio, café, cigarro. Em um apartamento só, com a cama sozinha, vaga, duas vagas.
Saudade de vocês.

Tem um choro de colo que é guardado, todo seu. Um pedido, perdido, desculpa esquecida, arrependimento acomodado, lavado de choro, empurra...